Volto à carga com o tema do ensino da língua portuguesa junto dos nossos emigrantes açorianos, porque tomei conhecimento que o Governo da Republica acaba de decidir enviar para Angola, no próximo ano, 200 professores de português para apoiar o ensino secundário naquele país africano lusófono. Trata-se de um projecto que resulta do Fundo para a Língua, recentemente aprovado.
Este Plano prevê ainda um fundo de 30 milhões de euros e o envio de até 600 professores para os países falantes de português e destina-se à promoção e difusão da língua portuguesa.
Contudo, O Governo esquece-se mais uma vez dos nossos emigrantes espalhados pelo Canadá, Estados Unidos e Bermudas, para já não falar da imensa diáspora portuguesa em tantas partidas do mundo.
De acordo com o Plano já aprovado em Conselho de Ministros, o Fundo da Língua Portuguesa irá ter como áreas de acção o apoio ao ensino do português e a formação de tradutores e intérpretes para as organizações internacionais que tenham o Português como idioma oficial de trabalho.
Por outro lado, será constituída uma rede de Ensino do Português para apoio ao sistema de ensino dos países lusófonos e à promoção do estatuto da Língua Portuguesa junto dos organismos internacionais.
Enquanto isto, o Governo da República esquece-se que, desde 2005, ano em que foi exonerada a então conselheira para o Ensino do Português, não existe um coordenador para o ensino da Língua Portuguesa nos Estados Unidos.
Recentemente foi nomeada uma coordenadora para a Califórnia, mas as comunidades açorianas da área onde se concentram mais escolas, mais alunos e mais professores, como sejam os Estados de Massachusetts e Rhode Island, continuam a queixar-se de terem sido abandonadas pelo Ministério da Educação, pois não têm um coordenador há três anos.
Por outro lado, a recente alteração legislativa que acabou com a figura do professor requisitado, obrigou muitos docentes que leccionavam há anos nos EUA e Canadá a pedirem licenças sem vencimento ou regressarem a Portugal, para não perderem os seus lugares nas escolas de origem, deixando alguns cursos nos Estados Unidos sem professores habilitados.
Entretanto, do encontro dos professores de português nos Estados Unidos e Canadá, realizado a semana passada na cidade da Horta, foi deliberado promover concursos de Língua Portuguesa, como contributo para a divulgação e dinamização do ensino da Língua de Camões, a fim de recompensar o desempenho dos alunos que frequentam a mesma disciplina nas instituições de ensino americanas e canadianas.
Para tal, a SATA vai oferecer umas passagens para os vencedores destes concursos viajarem até aos Açores. Será esta medida suficiente para promover o ensino da língua? Os nossos emigrantes têm sido preteridos, relativamente aos africanos lusófonos. Por isso, questiono as prioridades deste Governo. Até quando?